Em 20 de dezembro de 1957, na rua Formiga 322, bairro da Lagoinha, 30 irmãos provenientes de três Igrejas Batistas de Belo Horizonte (Floresta, Primeira Igreja Batista e Barro Preto) assinaram a ata de inauguração da Sexta Igreja Batista de Belo Horizonte, ou, como ficaria conhecida, a Igreja Batista da Lagoinha. Em 15 de maio de 1958, chegou o Pastor paraibano José Rego do Nascimento, que fora convidado para pastoreá-la. Ele vinha de um ritmo abençoado na Igreja Batista de Vitória da Conquista/BA, onde teve a experiência de ser batizado com o Espírito Santo, em seu escritório, em casa.
Ser “cheio do Espírito” era tudo o que ele desejava em seu ministério. Com tal unção, sua pregação era diferente das demais. Atraía as pessoas. O Pastor Rego tinha convites para falar em todo o Brasil. E, em uma série de palestras que deu no Seminário Batista do Sul/RJ, os jovens seminaristas pediram-lhe para falar sobre o tema: “Pentecostes se repete?” A unção do alto que veio era tão grande que os jovens oravam e choravam, ajoelhados ou prostrados, e todos ficaram cheios do Espírito Santo! Aquela reunião estava iniciando um novo tempo na Igreja Evangélica no Brasil...
Após o memorável acontecimento no Seminário, a notícia de que o Pastor Rego era pentecostal se espalhou, e houve uma reunião na igreja para resolver a questão. Foi proposta uma votação entre os membros da Lagoinha para decidir se o Pastor Rego era pentecostal-herético ou batista; se fosse “pentecostal”, ele não poderia mais ocupar o púlpito da Lagoinha. O resultado final foi: 29 votos para “batista” e 11 para “herético”.
Dois dias após essa decisão, quando o Pastor Rego e os irmãos foram para a sua costumeira reunião de oração, não conseguiram entrar no salão de cultos. A porta estava trancada com novos cadeados. Isto fora feito por dois irmãos que eram líderes da Lagoinha e fiadores responsáveis pelo imóvel do templo. Eles não aceitaram a decisão da maioria, e tentaram, em vão, manter o salão com uma “minoria fiel” aos princípios tradicionais, mas isso não prevaleceu. Os móveis da igreja, incluindo o piano, ficaram no Colégio Batista Mineiro, tendo sido doados para uma instituição no interior, onde aconteceu um incêndio e tudo se perdeu.
Lagoinha peregrinou por 40 dias num “deserto”, sem lugar fixo para os cultos. Os irmãos reuniram-se na Terceira Igreja Batista e na Floresta, até conseguirem sua sede provisória à rua Manoel Macedo, 163. Iniciaram a campanha para a compra do lote na mesma rua (nº 360). A igreja não parava de crescer... O Pastor Rego se doava incansavelmente ao rebanho, às vigílias, às pregações inflamadas do poder de Deus.
Em 8 de abril de 1962, chega Airton dos Santos Sales, seu amigo e discípulo, vindo do Rio de Janeiro para ser co-pastor, junto ao rebanho da Lagoinha. Foi uma parceria perfeita e completa. Até o ano de 1965 ambos caminharam na graça e na unção do Espírito de Deus, alimentando o rebanho fértil, que crescia e já dera início a uma nova denominação: “Batista Nacional”. Eram também chamados de “renovados”, por causa do programa radiofônico dirigido pelo Pastor Rego, intitulado “Renovação Espiritual”, com repercussão nacional. Lagoinha abriu uma nova geração na história do protestantismo brasileiro: no meio dos evangélicos históricos (os tradicionais) havia agora os “renovados” (batizados com o Espírito Santo). Nesse ano, 1965, o Pastor Rego adoeceu...
O Pastor Airton assumiu o pastorado efetivo da igreja até março de 1968, data em que o Pastor José Rego retornou. Desde que o Pastor Airton deixara Lagoinha, as sessões não foram presididas pelo Pastor Rego, mas, sim, pelo Pastor René Feitosa, membro da Lagoinha e diretor do Seminário Teológico Evangélico do Brasil (STEB). O Pastor Rego não estava ainda em condições de administrar rebanho tão grande. Então, em 17/04/69, o Pastor Ilton Quadros, Secretário Executivo da CBN, assumiu interinamente o púlpito da Lagoinha, até que novo pastor fosse efetivado. Isto se deu em 15/12/69, com o convite feito ao Pastor Reuel Pereira Feitosa, que dirigiu a Igreja da Lagoinha até 06/01/72. O Pastor Reuel fez excelente trabalho, principalmente entre os jovens. Em dezembro de 70, o Pastor Reuel teve uma difícil decisão a ser tomada: aceitar ou não o pedido do Pastor Rego de ter a sua carta demissória entregue por Lagoinha. Por ser muito amado pelos membros, houve crise nesse impasse e o Pastor Reuel sentiu a direção de entregar o cajado de Lagoinha. E, novamente, o Pastor Ilton Quadros assumiu interinamente o púlpito da Lagoinha...
Desde o início do ano de 1972, o Pastor Ilton Quadros segurou com firmeza o cajado da Lagoinha. Em fins de maio de 1972, ele viajou para Brasília, a fim de convidar um pastor para Lagoinha. Foi então que aconteceu um grave acidente com o veículo em que viajava, e o Pastor Ilton Quadros foi hospitalizado. Estaria impossibilitado por um bom tempo de pregar e exercer suas funções pastorais. Nesta ocasião, o jovem pastor, membro da Lagoinha, formado pelo STEB, Márcio Roberto Vieira Valadão, voltava de Ponta Grossa/PR sob a orientação do Senhor. Ali esteve durante um ano, servindo a irmãos preciosos, aos quais aprendera a amar. Regressara a Belo Horizonte para iniciar um trabalho missionário com pessoas marginalizadas.
Ao visitar o Pastor Ilton Quadros no hospital, recebeu deste o convite para pregar até a sua plena recuperação física. A igreja sentiu-se confortada e amparada por seu jovem pastor. A comissão consultiva se reuniu, resolvendo convidá-lo. E em 31 de julho de 1972, Márcio Valadão foi empossado como pastor efetivo da Lagoinha. Desde esta data, o Pastor Márcio Valadão tem sido conduzido pelo Senhor no pastoreio da Lagoinha.
De 70 ao novo milênio
A década de 70 foi um período que se caracterizou por grande dinamismo no que tange ao crescimento interno e à expansão evangelístico-missionária. Todos os trabalhos dos departamentos da Lagoinha sempre contavam com a presença de seu pastor. Em seu primeiro ano de ministério, as tarefas foram distribuídas entre os irmãos. A igreja formava caravanas, com ônibus lotados, para visitas a estas congregações, e se fortalecia o trabalho evangelístico. Em 77, construiu-se o prédio de Educação Religiosa ao lado do templo. Com o trabalho crescendo sempre, a igreja veio a ter a sua primeira secretária em tempo integral, Vera Dulce da Silva, a “Verinha”. Foi um período dinâmico e festivo.
No ano de 80 novos Departamentos da Igreja foram se consolidando, para o bom desempenho da missão: a Comissão Consultiva, a Ação Social, o Financeiro, o Evangelismo, o Departamento de Música, o de Educação Religiosa (CFO) e o Administrativo. A Igreja começou a romper também na área cultural, quando surgiu o Jornal “Atos Hoje”, com sua proposta evangelística. A Escola Cristã teve início com o Ensino Fundamental. O ano de 1982 foi chamado de “o ano da conquista”. O Pastor Márcio Valadão trouxe à igreja o desafio da expansão da sede e formularam-se os planos de comprar os lotes ao redor do templo. Nesse tempo, a igreja ganhou um ônibus e comprou uma área para realização de acampamentos; a “Fazendinha” (Km 25 da Br 262). Em 1987 veio a tornar-se um marco na história dos “Batistas Nacionais”. O projeto de crescimento através de frentes missionárias com o estabelecimento de congregações teve o seu momento de amadurecimento. Em 15 de abril de 1987, em sessão ordinária, foi apresentada à Lagoinha a proposta da emancipação das Congregações que fundara. A igreja começou então um novo tempo.
Na década de 90 a Igreja da Lagoinha encontrava-se madura para prosseguir sua missão. A Escola Cristã consolidou-se como “Colégio Cristão de Belo Horizonte”. Em 1992, o Centro de Formação de Obreiros (CFO), veio a substituir a Escola da Bíblia, embrião que se transformou em faculdade de ensino teológico, a FATE-BH. O Pastor Jonas Neves implantou os “Grupos de Crescimento” nos lares. O número de funcionários da Lagoinha cresceu vertiginosamente. A “fundação Oásis” reestruturou os Estatutos da Beneficência e ampliou em grande escala a atuação social da Lagoinha. Dentro dessa Fundação se incluíam as seguintes organizações: a Casa das Vovós; o Centro Estudantil; a Creche Oásis; o Projeto “Menina Dança”; a Ação Social da Lagoinha; a Assistência Médica Evangélica (AME); a Clínica Integradas e Odontologia (CLIO); o “Projeto Resgate”, para recuperação de viciados; e vários outros projetos sociais.
Surgiu o “Ministério Ephatá”, para a evangelização dos surdos; o Ministério Siloé, para os cegos. O Projeto Madalena, levando a restauração às prostitutas; o projeto “Deus se Importa”; o “Telefone da Paz”. O programa “Profetizando Vida”, transmitido pela TV Bandeirantes, veio a gerar o “Profetizando Vida – Cartas”, oferecendo o “Curso Bíblico por Correspondência”. O “Projeto Centésima Ovelha”; o “Ministério Onésimo”; a “Rádio Comunitária Oásis”. Em 1998 ficou pronto o novo templo e tivemos a gravação do primeiro CD do Ministério Diante do Trono. O término da década de 90 deixava no ar uma atmosfera de realização e um profundo sentimento de total dependência do Senhor.
O culto da passagem do milênio foi no estádio do Mineirinho e tem se repetido anualmente. Veio o Ministério “Gideões da Oração”, em 2003, com a visão de levar a Igreja a orar 24 horas, ininterruptamente até a volta de Cristo. Surgiu a Escola Carisma, para treinamento ministerial; o Centro de Treinamento Missionário Diante do Trono (CTMDT), para preparar jovens para o campo missionário. O ministério “Lagoinha.com”, um portal para servir à Igreja e aos seus múltiplos ministérios; o jornal “Atos Hoje” foi reativado, vindo a ser o boletim informativo semanal da Lagoinha. Um ministério de grande alcance foi o Canal de televisão, a “Rede Super”, com sua programação variada e evangelística. Apesar de tantas conquistas, 2005 foi um ano de lutas, com enfermidades, ajustes administrativos em todas as áreas, com a saída e chegada de pastores. A boa mão do Senhor permaneceu sobre o seu povo para abençoar.
O seu jubileu chega, encontrando uma Igreja madura e consciente de seu chamado: ser uma inspiração para a presente geração e estar preparada para a volta do seu Senhor.
Por Ângela Valadão
Texto Adaptado
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